Reprodução do Betta

Primeiro passo para reprodução do betta é ter um aquário de no minimo 40 litros ou pelo menos uma bacia (que nunca foi usada) de +-50cm quadrados. Caso contrário o macho pode matar a fêmea e além disso a qualidade da água ficará muito prejudicada depois de um tempo.

Quando a fêmea está pronta para reprodução, ela fica um pouco ou muito inchada e com o ovopositor a mostra (uma protuberância branca logo atrás das nadadeiras ventrais ou pélvicas) e pode apresentar estrias escuras longitudinais quando na presença do macho. O macho quando está pronto, começa a fazer um ninho de bolhas no aquário.

Para iniciar o processo de desova coloca-se o macho em um aquário de 40/50 litros (em aquários menores será necessário retirar os filhotes após alguns dias), encher com água até 12cm de altura (ficando +- 15 litros). A fêmea, dentro de um vidro ou aquário pequeno, é colocada dentro do aquário principal. Iniciando-se o namoro, o macho faz a corte e constrói o ninho próximo do aquário da fêmea. Após 2 dias, ao entardecer, solta-se a fêmea, que não aceita imediatamente o macho; por isso deve haver refugios para ela (pedra, vegetação, tocas, etc.).

No terceiro dia (36 horas após soltar a fêmea), normalmente pela manhã, acontece a desova. Esta consiste no envolvimento da fêmea pelo macho, na altura do abdômen, chamado o abraço nupcial, quando ela solta os óvulos, imediatamente fertilizados pelo macho, que os captura com a boca, às vezes ajudado pela fêmea, e os leva ao ninho. Este ritual prossegue até terminar a desova. Ao final da desova (média de 300 a 1.000 ovos), o macho volta a perseguir e maltratar a fêmea, por este motivo ela deverá ser retirada do aquário, tratada e bem alimentada para que se recupere. O macho se mantém dia e noite em vigília, apanhando com a boca os ovos que caem e recolocando-os no ninho.

A eclosão ocorre de 24 a 48 horas (a depender da temperatura da água) e as larvas se transformam em alevinos em três a cinco dias, quando então deve-se retirar o macho. É importante abaixar o nível da água após a desova de 12cm para 8cm, +- 10 litros. Eleva-se o nível progressivamente, depois de três a quatro semanas, quando o órgão labirinto dos bettinhas já estarão formados.

A fase crucial é a primeira alimentação, que, em excesso, deteriora a água e além disso os filhotes podem comer até morrer; se for pouca atrasa o crescimento. A alimentação nos primeiros cinco dias deve ser constituída, de preferência, de infusórios. A partir daí, usam-se náuplios de artêmia recém-nascidos e/ou micro vermes. Na falta destes, com resultados menos promissores, pode-se alimentar as larvas com gema de ovo cozido passada por um pano, levedo de cerveja e assim que for possível náuplios de artêmia.

O aquário deve ser tampado, com aeração fraca ou nenhuma, a temperatura mínima de 25ºC, com umas poucas plantas (ex. Egeria densa, musgo de java). A água de ve ser trocada quando estiver muito turva, ou quando os filhotes se mantiverem na superfície. Com um mês de idade podemos notar um crescimento diferenciado dos peixinhos. Se esta disparidade aumentar, os maiores poderão comer os menores, sendo necessária uma triagem, para separá-los por tamanho em mais aquários.

Para elevar e diminuir o nível da água, deve ser utilizada uma mangueira de silicone para aquários com uma pedra porosa, para não sugar os filhotes. Do 3° ao 6° dia alimentem os filhotes com infusórios, que pode ser feito com alface seco (coloca-se em uma vasilha de +-1 litro com bomba de oxigenação e uma lâmpada normal de 40w por exemplo, para a temperatura ficar em torno de 28° a 30°, a partir daí, alimenta-se com náuplios de artêmia.
Os náuplios de artêmia podem sem comprados em lojas de aquário. Mas a casca dos ovos de artêmia são extremamente tóxicos. Para a eclosão, pega-se um recipiente de 1 ou 2 litros, para cada litro, coloca-se uma colher de sopa cheia de sal grosso. Com oxigenação (bomba, com pedra porosa) contínua e mantendo uma temperatura de no máximo 30° (a temperatura deve estar em torno de 28º a 30° e a eclosão ocorre em 24 a 48 horas). Para separar as artêmias dos ovos, deve-se colocar uma lâmpada do lado do recipiente e desligar a bomba por um instante, as artêmias irão de encontro a luz, podendo assim serem sugadas com uma mangueira.

Uma dica é, antes do início da reprodução, fazer uma cultura de infusórios, despejando-a no aquário de criação. Deixe a água do aquário descansando por 15 dias e só depois disso coloque os reprodutores. Os infusórios formarão o plâncton que servirá de alimento para os alevinos recém-nascidos e irão deixar a água rica em matéria orgânica, parecida com um pântano (o habitat natural do Betta), deixando os reprodutores mais aclimatados estimulando a reprodução.

Como cultivar infusórios:
Deixe secar ao sol cerca de 2 folhas de alface (deixando-as totalmente secas). Depois, colocamos as folhas em um vidro de conservas e despejamos um pouco de água fervente e completamos com água fresca. Este preparo deverá ficar num local quente e úmido com luz indireta do sol. Passados cerca de 3 dias, a água terá uma tonalidade turva, indicando que está cheia de bactérias (o alimento dos protozoários).
Agora, adicione à cultura a água que se acumula num prato de vaso de plantas em que não foi adicionada pesticidas ou a água de um aquário bem equilibrado. Então, todo dia, adicione algumas gotas de leite na cultura. Após uma semana, uma camada espessa irá se formar na superfície do aquário.
Você pode oferecer cerca de 5 colheres de sopa desta cultura para os alevinos por dia até que eles tenham completado 1 semana de vida.

Após algumas semanas, a depender do crescimento de cada filhotes, os machos devem ser separados, pois começaram a brigar e machucar uns aos outros. Tome cuidado para deixar sempre TODOS os aquários tampados (mas com abertura suficiente para que aja contato com ar renovado com a superfície do aquário), pois os filhotes costumam pular muito.

Boa sorte!